Representante da Ucrânia diz que país 'não aceitará a paz a qualquer custo'

Anatoliy Tkach falou no dia em que se completa um ano da invasão da Ucrânia pela Rússia. Presidente Lula tem defendido ação conjunta para encerrar conflito na região.

Representante da Ucrânia diz que país 'não aceitará a paz a qualquer custo'

O encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, afirmou nesta sexta-feira (24) que o país "não aceitará a paz a qualquer custo" e que um eventual acordo com a Rússia depende da saída das tropas de Vladimir Putin dos territórios ucranianos.

Tkach deu a declaração ao conceder uma entrevista coletiva à imprensa sobre um ano da invasão russa.

"A Ucrânia está se defendendo no seu próprio território, defendendo seus cidadãos. A Ucrânia deixou claro que não aceitará a paz a qualquer custo. Não vamos concordar com nada que mantenha os territórios ucranianos ocupados e coloque nosso povo em dependência da vontade do agressor" declarou Tkach.

"Apaziguar com o agressor levaria a mais atrocidades. Precisamos de mais equipamentos, militares e munições", completou.

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Segundo o encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil, até o momento, a Rússia:

 

  • lançou mais de 5 mil mísseis contra a Ucrânia;
  • fez mais de 3,5 mil ataques aéreos no país;
  • fez mais de 1 mil ataques de drones na região;
  • destruiu mais de 60 mil prédios residenciais.

 

 

Conversa de Zelensky com Lula

 

Durante a entrevista desta sexta-feira, Anatoly Tkach confirmou que os governos ucraniano e brasileiro articulam uma conversa por telefone entre os presidentes Volodymyr Zelensky e Lula. A data ainda não foi definida.

Questionado se Zelensky convidará Lula a ir visitar a Ucrânia, o encarregado de Negócios disse que a ideia é "muito boa", mas que não há confirmação de que um eventual convite será feito.

"A conversa ainda não aconteceu, por isso eu não posso confirmar se o presidente convidou ou não convidou. Mas a ideia é muito boa do ponto de vista de que, no caso de disponibilidade de o presidente Lula ir para a Ucrânia, isso pode mudar a percepção toda do Brasil", afirmou.

Anatoly Tkach também foi questionado sobre uma declaração recente do presidente Lula na qual o brasileiro disse, ao comentar a guerra, que "quando um não quer, dois não brigam".

O representante de Negócios do país no Brasil, então, disse que não se pode "equiparar" as ações russas e ucranianas na guerra.

"Nós não podemos equiparar as posições da Rússia e da Ucrânia. A Ucrânia está se defendendo no seu próprio território e defendendo seu povo. Se a Ucrânia parar de lutar, a Ucrânia deixará de existir. Se a Rússia parar essa agressão, a guerra simplesmente acaba", afirmou.

Nesta quinta (23), o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Galuzin, afirmou em entrevista à agência russa Tass que o governo de Vladimir Putin estuda uma proposta de paz apresentada por Lula.

 

Ucrânia não quer guerra 'prolongada'

 

Ao fazer uma análise deste um ano de guerra na região, o representante da Ucrânia no Brasil disse que o país não quer que a guerra seja "prolongada", mas "lutará o tempo que for necessário".

Na avaliação de Tkach, a Rússia quer "destruir" a Ucrânia.

"Putin cometeu um erro fatal. A propaganda russa afirmava que a Ucrânia duraria dias, mas a Ucrânia parou as tropas russas e conseguiu liberar a metade dos territórios recém-ocupados por meio de contraofensivas bem-sucedidas", declarou.

"A Rússia não mudou seus planos de destruir a Ucrânia. Cada vez que a Rússia pede negociações, suas tropas fazem o oposto. Estão tentando realizar uma nova ofensiva. O Kremlin [sede do governo russo] continua com aquisição de armas através de aliados e também aumentou a produção própria", completou o ucraniano.

 

Fonte https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/02/24/representante-da-ucrania-diz-que-pais-nao-aceitara-a-paz-a-qualquer-custo.ghtml