Território Yanomami tem 75 pistas de pouso, aponta levantamento

Levantamento da MapaBiomas mostra que 33,7?s pistas na terra Yanomami estão nas proximidades de algum garimpo ilegal dentro do território

Território Yanomami tem 75 pistas de pouso, aponta levantamento

O território Yanomami, em Roraima, conta com 75 pistas de pouso, o maior percentual entre as terras indígenas no bioma Amazônia analisadas pelo MapBiomas. O levantamento mostra que 33,7% das pistas estão a 5 quilômetros ou menos de algum garimpo ilegal dentro da área protegida.

 

A pesquisa inédita realizado pelo MapBiomas identificou 2.869 pistas de pouso dentro da Amazônia, mais do que o dobro do número que consta nos registros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Do total, 804 (28% das pistas de pousos) estão localizadas dentro de unidades de conservação (UCs) e terras indígenas (TIs). Os territórios originários mais afetados são Yanomami, com 75 unidades para a aterrissagem de aviões, seguido por Raposa Serra do Sol (58), também em Roraima, Kayapó (26), Munduruku (21), ambas no Pará, e o Parque do Xingu (21), no Mato Grosso.

Foto colorida de uma criança indígena Yanomami sendo atendida por uma médica branca do SUS - Metrópoles

crianças sentadas no chão

crianças magras sentadas no chão

Do total, 804 (28% das pistas de pousos) estão localizadas dentro de unidades de conservação (UCs) e terras indígenas (TIs). Os territórios originários mais afetados são Yanomami, com 75 unidades para a aterrissagem de aviões, seguido por Raposa Serra do Sol (58), também em Roraima, Kayapó (26), Munduruku (21), ambas no Pará, e o Parque do Xingu (21), no Mato Grosso.

Ministério da Saúde decretou emergência de saúde pública em decorrência da situação dos Yanomamis em RoraimaCondisi

Apesar do alto indíce de pistas de pouso, as terras indigenas mais afetadas por garimpo ilegal são a Kayapó, na qual 11.542 hectares foram tomados pela atividade predatoria até 2021, seguida pelo território Munduruku, com 4.743 hectares e a terra Yanomami, com 1.556 hectares.

 

No território Munduruku, 80% das áreas destinadas à aterrissagem de aviões estão a aproximadamente 5km de distância de algum tipo de garimpo.

“A quantidade de pistas e consequentemente, de aeronaves em uso pelo garimpo, bem como o maquinário pesado empregado na atividade, indicam que o garimpo amazônico não é mais artesanal”, destaca Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas.

Os estados com maior quantidade de pistas de pouso na Amazônia são Mato Grosso (1.062 pistas), Pará (883), Roraima (218) e Tocantins (205), segundo o levantamento que teve como base dados de satélite.

Doutor em geologia e coordenador técnico do mapeamento da mineração no MapBiomas, Cesar Diniz explica que identificar as pistas de pousos construídas dentro da floresta amazônica é uma tarefa essencial para acabar com a atividade de garimpo dentro das terras indígenas e unidades de conservação.

“Há um problema logístico intrínseco ao garimpo, em especial dentro de terras indígenas e unidades de conservação, onde não há grandes rotas de acesso terrestre ou fluvial. Isso exige o acesso aéreo para abastecimento do garimpo e escoamento da produção ilegal. Seja por helicópteros ou aviões de pequeno porte, por pistas ilegais ou pistas legais cooptadas pelo crime, grande parte da produção garimpeira amazônica é feita por via aérea”, explica Diniz.

Unidades de conservação

As unidades de conservação com a maior presença de pista de pouso são APA do Tapajós (156), seguida pela Flona do Amaná (53), a APA Triunfo do Xingu (47) e a Floresta Estadual do Paru (30).

O coordenador geral do MapBiomas destaca que o Brasil conseguiu na década de 1990 retirar mais de 30 mil garimpeiros ilegais dentro dos territórios indígenas da Amazônia e que é preciso realizar um novo trabalho para retirada desses criminosos.

“É preciso repetir esse feito, mas é preciso ir além, sofisticando a capacidade de rastrear a cadeia produtiva do ouro, geolocalizando o maquinário pesado, que é sempre utilizado pela atividade garimpeira, monitorando em tempo real os sinais de expansão garimpeira em TIs e UCs restritas e protegendo, permanentemente, esses territórios. É igualmente importante controlar a venda de mercúrio metálico, substância que é ilegal, mas, apesar disso, é largamente comercializada para fins garimpeiros.”, recomenda Tasso Azevedo.

fonte https://www.metropoles.com/brasil/meio-ambiente-brasil/territorio-yanomami-tem-75-pistas-de-pouso-aponta-levantamento