De médica a balconista de farmácia, cubana teve que se reinventar para sobreviver após fim do programa 'Mais Médicos' em MG

Mayelin Guerrero Pérez Ferreira trabalhou durante 3 anos como médica em Guaranésia até 2018, se casou e ficou no Brasil; agora ela comemora a volta do programa.

De médica a balconista de farmácia, cubana teve que se reinventar para sobreviver após fim do programa 'Mais Médicos' em MG

A cubana Mayelin Guerrero Pérez Ferreira é médica há 13 anos. Ela chegou ao Brasil em 2015 e com o fim do programa 'Mais Médicos', em 2018, passou por desafios para sobreviver. Ela deixou de atender pacientes para ser balconista de uma farmácia em Guaranésia (MG).

Assim que chegou ao país, ela foi direto trabalhar na cidade de Guaranésia (MG). Na cidade, ela ficou durante três anos atuando no atendimento de pacientes até o último dia do programa.

 

"Eu sempre quis trabalhar no Brasil, quando surgiu a oportunidade do contrato entre os dois países eu aceitei o convite. Mesmo após o fim do programa Mais Médico eu decidi continuar no país", relata Mayelin.

 

Após o fim do programa, a médica chegou até voltar para Cuba, mas por lá ficou só por três meses e logo retornou para o Brasil. O motivo da volta tem nome: Geraldo. Um ano antes do programa ser encerrado, ela se casou com o brasileiro.

 

De médica para balconista de farmácia, cubana teve que se reinventar para sobreviver após fim do programa 'Mais Médicos' no Brasil — Foto: Arquivo Pessoal

 

Quando ela voltou para o Brasil, como já não podia mais atuar como médica, teve que superar desafios para conseguir sobreviver.

 

"A minha vida ficou sem norte, não sabia o que iria acontecer. Comecei a estudar para o Revalida, mas precisava arrumar um emprego para ajudar nas contas de casa. Fui trabalhar de balconista numa farmácia durante nove meses e depois virei coordenadora da Atenção Primária de Guaranésia", conta Mayelin.

 

Após quase seis anos do fim do programa, a médica agora é mãe de dois filhos, Alicy, de 5 anos e João Victor, de 1.

"O programa mudou a minha vida, totalmente, eu vim para o Brasil somente para trabalhar no serviço médico e acabei conhecendo um esposo brasileiro, com quem me casei, tive filhos. O Brasil mudou o meu conhecimento, mudou a minha história", contou.

Mayelin Guerrero Pérez Ferreira trabalhou durante 3 anos como médica em Guaranésia até 2018, se casou e ficou no Brasil;  agora ela comemora a volta do programa. — Foto: Arquivo Pessoal

Mayelin Guerrero Pérez Ferreira trabalhou durante 3 anos como médica em Guaranésia até 2018, se casou e ficou no Brasil; agora ela comemora a volta do programa. — Foto: Arquivo Pessoal

 

A médica ainda conta que tem gostaria de voltar a atuar pelo Mais Médicos. "Eu tenho muita vontade de voltar para o programa, é muito humano, a oportunidade para os médicos exercerem sua formação e irem em lugares onde se precisa muito de atendimento clínico", diz.

Programa "Mais Médicos"

O "Mais Médicos" começou em 2013, ainda sob a gestão PT. Ao longo dos governos Dilma Rousseff, o Mais Médicos ficou famoso por ter contratado um grande número de profissionais de saúde estrangeiros – em especial, cubanos, em razão de uma parceria com a Organização Panamericana de Saúde (Opas).

No entanto, devido às "referências diretas, depreciativas e ameaçadoras" feitas pelo então presidente Jair Bolsonaro, o governo de Cuba decidiu sair do programa social, o que impediu o exercício de médicos cubanos no Brasil.

De médica para balconista de farmácia, cubana teve que se reinventar para sobreviver após fim do programa 'Mais Médicos' no Brasil — Foto: Arquivo Pessoal

De médica para balconista de farmácia, cubana teve que se reinventar para sobreviver após fim do programa 'Mais Médicos' no Brasil — Foto: Arquivo Pessoal

 

Em 2019, Bolsonaro sancionou a lei do programa Médicos pelo Brasil, que substitui o Mais Médicos. Nessa época, o então ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o Mais Médicos seria encerrado de forma gradativa.

O retorno do programa

 

Na última segunda-feira (20), o governo Lula relançou o "Mais Médicos" com a promessa de abrir 15 mil vagas ainda neste ano – sendo 10 mil com contrapartida de financiamento dos municípios.

Se cumprida, a meta deve dobrar o número de profissionais de saúde atualmente no programa. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que o edital de convocação para os cinco mil postos que já existem e estão desocupados deve sair ainda nesta semana.

Fonte https://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2023/03/24/de-medica-a-balconista-de-farmacia-cubana-teve-que-se-reinventar-para-sobreviver-apos-fim-do-programa-m